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Qualidade do ensino brasileiro sofre impactos duradouros após a pandemia de Covid-19

Desafios do ensino remoto evidenciam desigualdades e deixam lacunas significativas no aprendizado de milhões de estudantes

Por Gabriel Nassif


A pandemia de Covid-19 marcou um dos períodos mais desafiadores para a educação brasileira. Com a suspensão das aulas presenciais e a adoção do ensino remoto emergencial, milhões de estudantes enfrentaram dificuldades para acompanhar os conteúdos, e em 2024, os reflexos ainda são evidentes, tanto no desempenho acadêmico quanto nas condições de ensino.

De acordo com um relatório divulgado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil foi um dos países que manteve escolas fechadas por mais tempo durante a pandemia, totalizando cerca de 60 semanas sem aulas presenciais. Essa interrupção prolongada teve sérias consequências, especialmente para estudantes de baixa renda, que enfrentaram limitações de acesso à internet e dispositivos eletrônicos.

Estudos realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revelaram que, em 2023, mais de 50% dos alunos do ensino fundamental apresentaram defasagens em leitura e matemática, competências consideradas essenciais para o desenvolvimento acadêmico. Essa lacuna reflete o impacto do ensino remoto, que, embora tenha sido uma solução emergencial, expõe as fragilidades estruturais da educação no país.

O professor de língua e cultura inglesa Wellington Ferreira de Godoy, que leciona em escolas públicas e privadas, relata os reflexos negativos do ensino remoto. “Houve uma banalização, cursos rasos, pessoas que não fazem o curso da forma que deveriam fazer porque é remoto, e não levam a sério”, afirmou o professor.

De acordo com ele, a atenção dos alunos foi perdida, principalmente por causa do uso excessivo de telas. “a atenção dos alunos foi perdida por causa do grande uso de celular, de telas, das redes sociais, que os levou a um imediatismo”, comentou Wellington.

“Não tem a ver com o remoto que levou ao desinteresse dos alunos, os alunos já não estavam desinteressados quando não tinham o remoto e eles ainda estão desinteressados porque tem tudo nas mãos; isso tanto para crianças e adolescentes, quanto para adultos”, concluiu o educador.

Para enfrentar os desafios, escolas e redes de ensino têm implementado estratégias como reforço escolar e ampliação do uso de tecnologia. No entanto, especialistas apontam que, sem investimentos substanciais, essas medidas são insuficientes.

Segundo Wellington Ferreira, o ensino remoto é uma boa ferramenta, porém defende uma regulamentação desse modelo de ensino.

“Eu acho que sim é uma boa ferramenta, existem cursos que podem ser remotos sim, mas é preciso uma melhor regulamentação, melhores ferramentas para entender e para avaliar tanto a plataforma, quanto os alunos, para que a gente tenha alunos que realmente sabem, professores que realmente sabem e plataformas que são realmente sérias.

Embora a retomada das aulas presenciais tenha trazido algum alívio, os efeitos de quase dois anos de ensino remoto ainda serão sentidos por uma geração inteira.




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